quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma abordagem neurológica dos fenômenos místicos e dos estados alterados da consciência



O estudioso William Sargant chegou à conclusão de que as semelhanças entre os Estados Alterados de Consciência (EACs) transcendentes por ele observadas apontavam para um sistema cerebral comum, afetado por diferentes manipulações culturalmente específicas. A partir disso, os neurocientistas têm fornecido suporte a esse mecanismo, explicando que existe um circuito neural complexo encontrado nos níveis médios do cérebro dos mamíferos, conhecido como sistema límbico. Esse sistema tem uma variedade de funções emocionais, motivacionais e de memória, além de estar envolvido com as funções de atenção e do despertar. A estimulação elétrica de áreas límbicas em pacientes de neurocirurgia produz intensas alterações da consciência, incluindo aquelas presentes nos estados transcendentes ou místicos.
Alguns tipos de enxaqueca e ataques epiléticos que se originam nas estruturas límbicas do lobo temporal são também capazes de produzir estados dissociativos similares. A idéia de que experiências transcendentes são causadas pela hiperativação das funções normais desse circuito é reforçada pela pesquisa em neurofarmacologia, mostrando que drogas psicodélicas podem alterar a atividade no sistema límbico. E, finalmente, patologias associadas a profundos distúrbios emocionais e alucinações são também conhecidas por envolver anormalidades límbicas.

Após coligir pesquisas em drogas psicodélicas, neuropatologias e várias técnicas comportamentais usadas para alterar a consciência, o neuropsiquiatra Arnold Mandell (1880) comparou seus efeitos com os descritos na tradição mística. Ele mostrou como todas essas manipulações eram capazes de afetar a atividade neural no sistema límbico. Mandell implicou interações especiais entre o septo, hipocampo e amídala como decisivas para a ocorrência de experiências transcendentes. Este circuito pode ser afetado por vários estados patológicos, assim como por estimulação rítmica prolongada, privação sensorial e as três grandes classes de drogas alucinógenas (as que afetam os neurotransmissores serotonina, acetilcolina e as catecolaminas).
Essa abordagem não invalidaria a existência de tais experiências místicas. Ao contrário, Mandell afirma que elas podem acontecer por um mecanismo fisiológico ou fruto da ação de determinadas substâncias químicas. Para o Espiritismo o sistema nervoso em sua totalidade é a expressão mais evoluída do indivíduo e é através dele que o espírito atua controlando as ações do corpo físico. Portanto, toda a ação espiritual teria uma expressão física, como se vê a seguir.

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